Projeto da double bill O Olhar de Judith apresenta o clássico O Castelo de Barba Azul (Bluebeard’s Castle), única ópera do compositor húngaro Béla Bartók, com libreto de Béla Balázs, e Eu, Vulcânica (I, Volcanic), ópera especialmente comissionada e estreada em 2023, composição de Malin Bång e libreto de Mara Lee, ambas suecas, que reescreve a história do ponto de vista da personagem da Judith a partir de uma reflexão sobre relacionamentos tóxicos. A duração total é de aproximadamente 120 minutos, incluindo um intervalo de 20 minutos.
As obras são uma coprodução internacional com o Muziektheater Transparant (Bélgica) e a Folkoperan (Estocolmo), de direção cênica e concepção do belga Wouter Van Looy e direção musical do maestro Roberto Minczuk. Elas serão apresentadas em quatro datas: 26 de julho, às 20h, 27 e 28 de julho, às 17h, e 30 de julho às 20h, na Sala de Espetáculos. A classificação indicativa é para maiores de 12 anos, e os ingressos variam de R$31 a R$200.
O Castelo de Barba Azul traz Hernán Iturralde como Barba Azul e Denise de Freitas como Judith. A partir da famosa fábula, que aparece pela primeira vez nos Contos da Mamãe Gansa, de Charles Perrault, no século 17, a ópera escrita em 1911 apresenta apenas dois personagens: Barba Azul, um nobre misterioso, e Judith, sua nova esposa. A ópera inicia com a chegada do casal ao castelo. Eventualmente, Judith solicita que as portas da residência sejam abertas, em uma trama angustiante de suspense e violência.
“Nas últimas décadas, Barba Azul estava no programa de muitas casas de ópera, mas, como é uma ópera de 60 minutos, os diretores procuram outra peça para combinar e preencher a noite. Isso frequentemente leva a concepções dramatúrgicas às vezes intrigantes, mas também forçadas, para colar peças que não combinam juntas. Por essa razão, quis criar uma ópera escrita exatamente para dialogar com a icônica obra-prima de Béla Bartók e Béla Balázs”, explica Wouter Van Looy, diretor cênico.
A segunda obra da noite, Eu, Vulcânica, tem Alexandra Büchel como Judith e Laiana Oliveira como Darkness 1. Trazendo um olhar da protagonista feminina e de suas questões para o centro da trama, a ópera narra uma Judith que não quer mais abrir as portas do castelo de Barba Azul. Viajando ao subconsciente ou ao seu próprio castelo, Judith encontra seus medos e desejos, em uma obra focada na subjetividade dessa personagem que viveu à sombra e escuridão do marido.
“Barba Azul é uma ópera sobre um relacionamento fatal entre um homem e uma mulher, escrita por dois homens no início do século XX. Eu queria saber a resposta de duas artistas femininas do século XXI para esse drama de relacionamento. Duas artistas maravilhosas aceitaram o desafio, a compositora sueca Malin Bång e a autora sueca-coreana Mara Lee”, explica o diretor.
“Embora contemos a história do ponto de vista de Judith, eu diria que oferece uma perspectiva humana sobre como podemos nos levantar e nos reconstruir após sermos destruídos em um relacionamento tóxico. É também um apelo para aceitar a fluidez da vida, como descrito pelo filósofo Zygmunt Bauman. Mara Lee usa a metáfora do horizonte. Onde Judith tinha um horizonte fixo (Barba Azul), ela aceita no final de Eu, Vulcânica a fluidez do horizonte. Um horizonte com curvas”, conclui.
Do ponto de vista musical, a composição para O Castelo de Barba Azul feita por Béla Bartók é marcada pelas mudanças constantes de tensão e atmosfera. Cada porta que é aberta sugere um ambiente musical, que desafia o trabalho da orquestra em acompanhar uma coloração tão distinta e complexa.
Na música original de Malin Bång composta para peça Eu, Vulcânica, o público poderá conhecer a história de Judith contado por outra perspectiva musical. A música de Malin Bång é uma exploração de movimento e energia. Ela define seu material musical de acordo com a quantidade de fricção para criar um espectro de ações imprevisíveis e contrastantes, variando do íntimo e mal audível ao áspero e obstinado.
Esse trabalho só é possível, como pontua a superintendente geral do Complexo Theatro Municipal, Andrea Caruso Saturnino, a partir de um esforço de criação e integração de diferentes casas de teatro do mundo: a Muziektheater Transparant, da Bélgica, a Folkoperan, de Estocolmo, e o Theatro Municipal de São Paulo. “Essa coprodução é uma prova de como a relação entre casas e artistas podem resultar em uma obra nova e fascinante na história da ópera mundial”, finaliza.
Judith’s Gaze – (O Olhar de Judith)
26/07/2024 • 20h
27/07/2024 • 17h
28/07/2024 • 17h
30/07/2024 • 20h
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
Roberto Minczuk, direção musical
Wouter Van Looy, direção cênica
Carl Bellens e Wouter Van Looy, cenografia
Aline Santini, design de luz
Raimo Benedetti, design de vídeo
Laura Françozo, figurino
Piero Schlochauer, assistente de direção
Jonas Soares, assistente de cenografia
Bluebeard’s Castle (O Castelo de Barba Azul)
Ópera de Béla Bartók com libreto de Béla Balázs
Editora Universal Edition AG
Hernán Iturralde, Barba Azul
Denise de Freitas, Judith
Gilda Nomacce, Judith (papel falado)
Intervalo (20’)
I, Volcanic (Eu, Vulcânica)
Ópera de Malin Bång com libreto de Mara Lee.
Alexandra Büchel, Judith
Laiana Oliveira, Darkness 1
Flavio Mello (artista cedido pela Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro), Darkness 2
Gilda Nomacce, Judith (papel falado)
Flávio Karpinscki, Darkness 2 (ator)
Duração aproximada 130 minutos (com intervalo)
Classificação indicativa Não recomendado para menores de 12 anos
Ingresso de R$31,00 a R$200,00 (inteira)