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Balé da Cidade de SP apresentou Bioglomerata e Pensamento Cintilante

Cena do espetáculo ‘Bioglomerata’, do coreógrafo Cristian Duarte – Larissa Paz /Divulgação Theatro Municipal de São Paulo

“Bioglomerata”, a nova coreografia de Cristian Duarte, que estreou em agosto no Theatro Municipal de São Paulo, tem vários momentos dramáticos, como os movimentos que executam no palco com grandes bastões de luz — um deles mergulha a vara luminosa no fosso da orquestra, que entra branca e sai vermelha sangue. Em outro, dois bailarinos seguram um dos feixes de luz próximos ao corpo de um colega, iluminando bem de perto seus movimentos, criando assim um recorte dentro da cena maior do balé que acontece no palco.

A peça é uma atualização de outra dança do coreógrafo paulistano, “BioMashup”, encenada há dez anos. Duarte conta que a nova coreografia reflete onde o seu pensamento está agora. Os bastões vem de uma reflexão estética sobre o espaço, e os movimentos dos corpos não trazem referências só da dança contemporânea e do balé clássico, mas também “da rua, da vida, de poesia, do que eu ouço e leio”.

Há 16 bailarinos no palco e muita coisa acontece ao mesmo tempo. A coreografia é como uma pintura viva, tipo um quadro do holandês Hieronymus Bosch, em que cada uma das pessoas executa uma tarefa diferente no mesmo espaço em prol de um todo coeso. Uns dançam sozinhos, outros em dupla, bailarinos são arrastados pelo chão de lá para cá ou carregados por um colega de um ponto a outro.

Os movimentos têm uma tensão constante, o que o coreógrafo disse buscar, tanto nos gestos quanto na trilha sonora, de ares levemente ameaçadores, executada ao vivo. Um músico fica no centro do palco comandando um teremim, instrumento vintage de música eletrônica, dos anos 1920, que funciona sem contato, só com o aproximar e afastar das mãos. No fosso, a Orquestra Sinfônica Municipal acompanha o som de suspense gerado no teremim.

Em outro espetáculo, o Balé da Cidade estreou uma dança inédita do colombiano Luis Garay, “Pensamento Cintilante”. Ele, no entanto, afirma não gostar de chamar o seu trabalho de coreografia, mas sim de estudo ou exercício. “Achei que as coisas que eu observava no ensaio eram muito mais interessantes do que na cena pronta”, diz.

Isto significa, segundo o coreógrafo, momentos de interação, repetição e reflexão, estados que desenvolveu com 13 bailarinos ao longo das últimas quatro semanas e meia, com disciplina de quartel.

No palco, as vozes de robô da trilha sonora dissonante, também executada ao vivo pela Orquestra Sinfônica Municipal, dão um ar apocalíptico de fim de século 20 ao espetáculo.

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