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DJ Negralha e convidados debatem a questão racial no meio musical e cultural

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A live “Questão racial no meio musical e cultural” será realizada no dia 23 de novembro, das 14h às 15h30, e transmitida pelo Facebook do Projeto Guri e da Sustenidos (gestora do programa). Presença de DJ Negralha (o Rappa), Alessandra Costa (coordenadora do Polo Nelson Mandela) e de Enzo Pires Delesposti dos Santos (aluno do Grupo de Referência de Piracicaba), sob a mediação de Nilza dos Santos (supervisora de desenvolvimento social). Alunos e alunas do curso de violão do Polo Cabreúva terão uma participação especial gravada.

Destacamos a participação de alunos dos Polo CASA, que formularam questões para participarem ativamente deste diálogo e, assim, reforçarmos a importância da atuação do Projeto Guri na efetividade da medida socioeducativa, como espaço de produção artística e acesso ao direito à cultura e participação social.

DJ Negralha é músico, produtor cultural e comandou as pick-ups da banda O Rappa por mais de 20 anos. Ativista em diversos projetos sociais, Negralha abordará sua trajetória na música, preconceitos, desafios e sobre a profissão.

Alessandra Costa é coordenadora do Polo Nelson Mandela da Regional Jundiaí, estuda artes e comunicação, faz produção cultural e é ativista de programas periféricos.

Nilza dos Santos é supervisora de desenvolvimento social do Projeto Guri em São José do Rio Preto, com formação em serviço social e pós-graduação em políticas públicas.

Enzo Santos tem 19 anos é integrante do Grupo de Referência de Piracicaba – Coro e estuda percussão no Conservatório de Tatuí. O jovem será o porta-voz dos alunos e alunas e terá a missão de ouvir, compilar e organizar as questões levantadas previamente pelos Guris do Polo Nelson Mandela e de outros três polos da Fundação CASA na região da Campinas.

“O Dia da Consciência Negra é uma referência aos movimentos que lutam pela igualdade racial no País e uma homenagem à população negra que diariamente resiste e persiste em se manter viva, apesar das forças contrárias”, lembrou Francisco Cesar Rodrigues, Superintendente de Desenvolvimento da Sustenidos Organização Social de Cultura.

Geraldo Filme, o conhecimento e o samba como ferramenta política contra a opressão

Geraldo Filme

Geraldo Filme (foto) nasceu em 1928, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, no ano de 1933, e mudou-se com a família para a Barra Funda, São Paulo/SP. Frequentou Pirapora do Bom Jesus – territórios relevantes pelos encontros e práticas dos chamados batuques paulistanos.  Era conhecido como Geraldão da Barra Funda.

Compôs diversos enredos para o Peruche e Vai-Vai, sendo o autor de ‘Tradição’, um samba que tornou-se uma espécie de hino do Bixiga. Suas músicas traziam reivindicações ao reconhecimento das potencialidades dos negros de forma ampla na sociedade.

Aprendeu com sua mãe a se defender pelo conhecimento e sua ferramenta política: a composição. Geraldo Filme foi um grande pesquisador das dinâmicas e causas sociais opressoras.

É uma prática das equipes de supervisão e educadores trazerem suas composições em atividades socioeducativas para os alunos do Projeto Guri. Nos centros da Fundação CASA ocorreram algumas atividades planejadas pelas equipes de supervisão educacional e de desenvolvimento social com este enfoque. Destaque para as ações realizadas no complexo Raposo Tavares e no Brás. No ano de 2016, foi realizado pelo supervisor Julio Cesar, um arranjo de ‘Tradição’ (Geraldo Filme), disponibilizado e executado por alguns grupos de percussão. O objetivo deste arranjo é aproximar o aluno e a aluna deste contexto histórico (promovido pela cultura negra), a partir da prática e compreensão das estruturas rítmicas e melódicas do samba.

Indicamos para uma apreciação as músicas: ‘Tradição’, ‘Silêncio no Bixiga’ e ‘Tebas, o escravo’. Em ‘Tebas’, Geraldo descreve a existência de um relevante arquiteto negro (escravizado) que desenvolveu e executou alguns importantes projetos arquitetônicos: a) a torre da catedral da Sé, b) ligações hidráulicas sanitárias no centro de São Paulo, entre outros. Tebas negociou e conseguiu sua alforria em troca destas atividades. Geraldo sempre destacou a luta e a resistência a partir dos saberes afro-diaspóricos. Sua estratégia, o samba.

Ver também:

O Canto dos Escravos (1982) – Álbum.

Programa Ensaio sobre Geraldo Filme. TV Cultura (1992).

Documentário Geraldo Filme (1998).

Tebas – Arquiteto Negro na São Paulo Escravocrata (2019) – Livro.

Algumas composições do disco ‘O Canto dos Escravos’ foram apresentadas por alunos do Projeto Guri no espetáculo ‘Calungá – O Mar que Separa é o Mar que une’ (2012), como mostra a faixa Muriquinho.

Texto escrito por Rafael Y Castro – Coordenador Educacional da Sustenidos, percussionista e pesquisador

 

Edição 2020 do MOVE, programa de intercâmbio, foi cancelado em todos os países

Infelizmente a edição 2020 do programa Move – Musicians and Organizers Volunteer Exchange foi cancelada em todos os países participantes. Sendo assim, todo o processo seletivo que estava em andamento no Brasil foi também cancelado e os candidatos pré-selecionados foram dispensados. Todo o material enviado pelos candidatos foi devidamente inutilizado, em ação positiva de preservação do direito sobre imagem, som e dados pessoais fornecidos à Sustenidos.

Por uma decisão da JM Norway e da Norec, organizações que administram os recursos e o projeto nos quatro países participantes do Move, foram interrompidos os preparativos para o intercâmbio de 2020/2021. Até o momento não existe uma nova data para retomada do projeto, devido às dificuldades impostas pela pandemia de Covid 19. A Sustenidos informa que, assim que autorizado, o projeto será reiniciado e uma nova agenda para o processo seletivo será publicada amplamente.