fbpx

Balé da Cidade de SP apresentou Bioglomerata e Pensamento Cintilante

Cena do espetáculo ‘Bioglomerata’, do coreógrafo Cristian Duarte – Larissa Paz /Divulgação Theatro Municipal de São Paulo

“Bioglomerata”, a nova coreografia de Cristian Duarte, que estreou em agosto no Theatro Municipal de São Paulo, tem vários momentos dramáticos, como os movimentos que executam no palco com grandes bastões de luz — um deles mergulha a vara luminosa no fosso da orquestra, que entra branca e sai vermelha sangue. Em outro, dois bailarinos seguram um dos feixes de luz próximos ao corpo de um colega, iluminando bem de perto seus movimentos, criando assim um recorte dentro da cena maior do balé que acontece no palco.

A peça é uma atualização de outra dança do coreógrafo paulistano, “BioMashup”, encenada há dez anos. Duarte conta que a nova coreografia reflete onde o seu pensamento está agora. Os bastões vem de uma reflexão estética sobre o espaço, e os movimentos dos corpos não trazem referências só da dança contemporânea e do balé clássico, mas também “da rua, da vida, de poesia, do que eu ouço e leio”.

Há 16 bailarinos no palco e muita coisa acontece ao mesmo tempo. A coreografia é como uma pintura viva, tipo um quadro do holandês Hieronymus Bosch, em que cada uma das pessoas executa uma tarefa diferente no mesmo espaço em prol de um todo coeso. Uns dançam sozinhos, outros em dupla, bailarinos são arrastados pelo chão de lá para cá ou carregados por um colega de um ponto a outro.

Os movimentos têm uma tensão constante, o que o coreógrafo disse buscar, tanto nos gestos quanto na trilha sonora, de ares levemente ameaçadores, executada ao vivo. Um músico fica no centro do palco comandando um teremim, instrumento vintage de música eletrônica, dos anos 1920, que funciona sem contato, só com o aproximar e afastar das mãos. No fosso, a Orquestra Sinfônica Municipal acompanha o som de suspense gerado no teremim.

Em outro espetáculo, o Balé da Cidade estreou uma dança inédita do colombiano Luis Garay, “Pensamento Cintilante”. Ele, no entanto, afirma não gostar de chamar o seu trabalho de coreografia, mas sim de estudo ou exercício. “Achei que as coisas que eu observava no ensaio eram muito mais interessantes do que na cena pronta”, diz.

Isto significa, segundo o coreógrafo, momentos de interação, repetição e reflexão, estados que desenvolveu com 13 bailarinos ao longo das últimas quatro semanas e meia, com disciplina de quartel.

No palco, as vozes de robô da trilha sonora dissonante, também executada ao vivo pela Orquestra Sinfônica Municipal, dão um ar apocalíptico de fim de século 20 ao espetáculo.

Musicou abre a temporada do festival artístico-pedagógico com Dudu Tsuda no núcleo de São Paulo

Dudu Tsuda durante oficina realizada no Musicou Convida em São Paulo

Com uma proposta de troca de experiências, conhecimentos e muita música entre artistas convidados, alunos do projeto Musicou e a comunidade local, o Musicou Convida iniciou sua programação no dia 22 de agosto na cidade de São Paulo e segue até novembro com atividades nos núcleos do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e interior de São Paulo. Criado pela Sustenidos Organização Social de Cultura, o Musicou é um programa de educação musical que oferece aulas gratuitas para pessoas de todas as idades, em diversas cidades do Brasil.

O núcleo que recebeu a primeira atividade do Musicou Convida é o Musicou FUNSAI, localizado no bairro do Ipiranga e que possui como mantenedora a FUNSAI – Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, organização sem fins lucrativos que atua em São Paulo desde 1896. Nos dias 22, 23 e 24 de agosto, às 15h, o espaço recebeu a oficina Tecnologia Musical, Semiótica e Gesto do músico e artista multimídia Dudu Tsuda. Ao todo, serão disponibilizadas 20 vagas para alunos e 10 para a comunidade local.

“Essa oficina foi bem especial, pois o Dudu é um grande artista multimídia e performer. Os alunos tiveram a oportunidade de ver essa junção entre som e imagem, colaborando para a ampliação de suas compreensões criativas”, conta o Coordenador Pedagógico Regional do Musicou, Alexandre Soares.

Nessa atividade, Tsuda realizou uma oficina de criação e construção sonora a partir de insinuações, sensações e textos reflexivos. Ele, que também é compositor, performer, produtor musical, professor, diretor artístico do selo de arte sonora e música experimental ALEA, ainda compartilhou a sua experiência em exposições, performances, concertos musicais e trabalhos premiados em diferentes países como França, Japão, Colômbia, Bolívia, Espanha e Alemanha.

Próximas ações no Musicou FUNSAI

O Musicou Convida retorna para o núcleo Musicou FUNSAI para mais duas oficinas. Nos dias 24 e 25 de setembro, como parte das comemorações dos Festejos do Ipiranga, a pianista e compositora Heloisa Fernandes realiza a oficina Criatividade e Invenção Musical com Heloísa Fernandes e apresenta um concerto para os alunos no final da atividade. No mês seguinte, o convidado é o produtor musical Arthur Joly. Ele apresenta a oficina Produção Musical na Prática – Vivência em Produção Musical e Gravação Multipista nos dias 10 e 11 de outubro.

Sobre o Musicou Convida

O Projeto Musicou Convida está calcado em uma proposta de residência artística em que artistas consagrados, com carreiras consolidadas em âmbito local, nacional ou internacional, são convidados a desenvolver um projeto artístico e pedagógico voltado aos alunos e alunas do Núcleo Musicou, educadores(as) e comunidade.
   

Cada projeto é elaborado pela equipe de coordenação regional e gestão da sede do Musicou em conjunto com os(as) educadores(as) dos núcleos. Os(as) artistas são selecionados(as) de acordo com objetivos artísticos e pedagógicos a serem desenvolvidos em cada núcleo.  

A escolha dos artistas busca também atender ao critério de diversidade musical e cultural previsto no Projeto Político e Pedagógico do Musicou. 

Os projetos podem envolver workshops e master classes a alunos(as) e comunidade, participação em apresentações musicais junto a alunos(as) do Musicou, performance, formação da equipe educacional, entre outras possibilidades. 

Os artistas residentes desenvolvem seus projetos em dois ou três encontros, a depender de qual tenha sido o plano elaborado e a frequência para sua aplicação. Desta forma, os projetos poderão ser desenvolvidos em encontros consecutivos ou distribuídos ao longo do semestre e os artistas poderão retornar ao núcleo após um período combinado para um encerramento em conjunto, a partir do que foi desenvolvido em suas diretrizes e orientações anteriores. 

Sobre o Musicou

O Musicou é um programa de educação musical que oferece aulas gratuitas para pessoas de todas as idades, em diversas cidades do Brasil. Os núcleos oferecem aulas de iniciação musical, canto coletivo, percussão, violão, viola caipira e sanfona (é preciso consultar os cursos disponíveis em cada região).

Apesar de novo, o Musicou já nasce com sólida experiência em música, educação e desenvolvimento social, pois trata-se de um programa criado pela Sustenidos Organização Social de Cultura, instituição sem fins lucrativos, especialista na implantação e gestão de políticas públicas de cultura.

Musicou Orienta é destaque em reportagem que conta a história do primeiro aluno contemplado pelo projeto

Alunos do Musicou FUNSAI, Cai0f e Aquarius durante a entrevista

No dia 19 de agosto, a Rede Brasil de Televisão veiculou reportagem sobre o programa Musicou Orienta, gravado no núcleo Musicou FUNSAI. A matéria foi exibida no programa Brasil News, principal jornal da emissora que é transmitida para todo o Brasil pelo canal 12.

A reportagem contou a história dos primeiros alunos contemplados pelo programa Musicou Orienta, Victor Aquarius e Cai0f. Eles receberam mentoria artística do professor Wagner dos Santos e lançaram a música autoral Coelho, disponível em todas as plataformas de áudio. Ouça a música AQUI.

Na matéria, a diretora executiva da Sustenidos, Alessandra Costa, falou um pouco sobre o projeto Musicou, que tem unidades espalhadas em sete estados do Brasil. Já o Alexandre Xavier, coordenador do Liceu de Artes Musicais Furio Franceschini, comentou sobre o espaço localizado no bairro do Ipiranga em São Paulo. Confira a reportagem completa da Rede Brasil AQUI.

Inédito na América Latina, programa do Musicou oferece estrutura para ensaios, mentoria artística e laboratório de gravação musical gratuitos em São Paulo

por Marcus Vinicius Magalhães

Aquarius, primeiro aluno do projeto Musicou a lançar seu trabalho autoral pelo programa Musicou Orienta

O Musicou, programa de educação musical presente em quatro regiões do Brasil, que oferece aulas de música gratuitas para crianças a partir de seis anos, adolescentes, jovens, adultos e pessoas idosas, inaugura em São Paulo uma metodologia completa e acessível para acolher, preparar e lançar novos artistas para o mercado. Núcleo escolhido para estrear o programa e que prioriza a população em situação de vulnerabilidade, o Musicou FUNSAI, aberto em março deste ano no bairro do Ipiranga, disponibiliza espaço para a comunidade ensaiar em seu Espaço Musicou, oferece toda a tecnologia de um laboratório de gravação pelo Musicou Lab e proporciona mentoria para o impulsionamento de novos artistas no Musicou Orienta.

De acordo com o Coordenador Pedagógico Regional, Alexandre Soares, o projeto expande sua proposta de ser um programa de educação musical e desenvolvimento social e passa a oferecer também toda a estrutura para preparar artistas profissionais. A iniciativa será implantada também em outros núcleos do país.

“O Musicou, que já oferta aulas de música gratuitas, de instrumentos e voz, também se tornou um espaço e um ponto de encontro de fazer artístico e de acolhimento autoral. Não existe nenhum outro lugar no Brasil que ensina música, oferece espaço para ensaio, dá orientação artística e grava seu projeto de graça”, conta Soares.

Indicado principalmente para a população em vulnerabilidade econômica, com a função de acolher estudantes, músicos e artistas e grupos locais para estudos e ensaios autônomos, o Espaço Musicou tem uma sala que disponibiliza todos os equipamentos do núcleo, com diversos instrumentos musicais como violões, guitarra, contrabaixo, teclado, bateria e instrumentos de percussão. O agendamento deve ser feito diretamente com a coordenação do núcleo de acordo com os horários disponibilizados.  

O Musicou Orienta foi criado com o intuito de apoiar jovens músicos, ou bandas locais, em sua trajetória como artistas autônomos. O programa oferece mentoria com orientação sobre a prática musical e desenvolvimento de repertório, gestão de carreira, produção musical e fonográfica, colaborando, assim, para o impulsionamento de novos artistas.  

Assim como o Espaço Musicou, os grupos ou músicos interessados deverão fazer agendamento diretamente com a coordenação do núcleo, de acordo com os horários disponibilizados. Idade mínima, 14 anos. 

“O programa tem foco na mentoria e desenvolvimento artístico de jovens, grupos e artistas, para que eles busquem na autonomia o seu caminho profissional. Então é um trabalho com foco no acolhimento autoral, desenvolvimento de repertório e o trabalho com a performance artística, não é aula de música, é mais um trabalho de aperfeiçoamento artístico mesmo”, conta Alexandre Soares.

“Além da execução musical e da performance, a gente trata também com os participantes do Orienta assuntos relacionados a registro de obra e fonograma, distribuição, lançamento, etc”, complementa ele.

Já o Musicou LAB tem potencial para se tornar um ponto de encontro, um “hub” criativo, onde diferentes agentes musicais locais possam experimentar e produzir coletivamente e ter vivências com referências nacionais do tema. O programa conta com equipamentos para compor um laboratório/estúdio musical voltado a oficinas relacionadas a música e tecnologia, produção e pós-produção de áudio, gravação e manipulação de material sonoro em núcleos do Musicou.  

O programa proporciona ainda condições técnicas para transmissões ao vivo, via streaming, oferecer condições para vivências com produtores e artistas convidados e, especialmente, viabilizar propostas pedagógicas que envolvam música e tecnologia, criação, estudo e exploração timbrística, criando oportunidades de aprendizado por meio do uso de tecnologias.  

Case de sucesso
Entre os projetos artísticos que passaram pelos três programas do Musicou FUNSAI está o Coelho, projeto do poeta Aquarius, instrumentista e cantor de vagão nos metrôs de São Paulo, em parceria com o aluno de canto do Musicou, Cai0f, que é um multi-instrumentista, arranjador e produtor. O projeto foi desenvolvido sob mentoria e orientação do baterista e produtor musical XIRU, sob coordenação de Alexandre Soares.

Nesse primeiro projeto em processo de finalização pelo Musicou Orienta no FUNSAI, rolou a interação entre os artistas Aquarius e Cai0f, no desenvolvimento de repertório, assuntos relacionados a performance, cadastro de obra e fonograma, e principalmente, a produção da obra inédita intitulada Coelho”, conta Alexandre Soares.

Antes da parceria entre os dois músicos, o projeto Musicou Orienta trabalhou com o Cai0f assuntos relacionados a performance, revisão de arranjo, desenvolvimento de espetáculo. “A gente revirou alguns arranjos de músicas dele, para que ele possa se apresentar, montar uma banda e tocar ao vivo”, conta Alexandre.

Já o Aquarius, nome artístico do Victor, começou a frequentar o segundo horário do Musical Orienta para entender um pouco mais sobre o mercado da música, registro de obra e fonograma. Ele tinha o objetivo de gravar uma música demo, usando os equipamentos do Musical Lab.

Arte do single Coelho, projeto dos alunos Aquarius e Cai0f

Foi então que o Wagner dos Santos, educador do Musicou FUNSAI e mentor do Aquarius e do Cai0f, colocou os projetos de ambos na mesa, que decidiram que seria possível fazer um trabalho de produção e lançamento da obra do Aquarius. Nesse movimento, o Aquarius e o Cai0f se conheceram e o santo bateu. Eles começaram a trabalhar juntos no lançamento da música Coelho. 

“Como o Cai0f também é produtor e toca de tudo, o Aquarius meio que absorveu o Caio no projeto dele. Então, a obra conta com a composição e letra de Aquarius e o arranjo musical de Caio”, conta Alexandre Soares.

Com data de lançamento nas principais plataformas de áudio no dia 29 de junho, com mentoria do Musicou Orienta, o projeto Coelho mostra o relato do poeta Aquarius e os desafios de ser um artista que ficou sem ter onde morar e dormir.

“A minha música conta um pouquinho de uma parte da minha vida em que eu fiquei sem moradia e fui ajudado por alguns amigos, deixando eu ficar na casa deles. Em alguns dias, eu fiquei na rua, outros eu dormi em praça, então esse som fala muito dessa parada de eu ter ficado sem moradia”, conta o compositor e artista de rua de 30 anos,

Compositor, cantor e poeta, Aquarius apresenta seu trabalho nas ruas e nos vagões do metrô há quatro anos, quando começou a participar das Batalhas de Rap. Antes disso, estudou múltiplas linguagens, artes cênicas, no SESI-SP em 2017-2018, atuando em duas peças teatrais como ator criador.

Sobre o Musicou

O Musicou é um programa de educação musical que oferece aulas gratuitas para pessoas de todas as idades, em diversas cidades do Brasil. Os núcleos oferecem aulas de iniciação musical, canto coletivo, percussão, violão, viola caipira e sanfona (é preciso consultar os cursos disponíveis em cada região).

Apesar de novo, o Musicou já nasce com sólida experiência em música, educação e desenvolvimento social, pois trata-se de um programa criado pela Sustenidos Organização Social de Cultura, instituição sem fins lucrativos, especialista na implantação e gestão de políticas públicas de cultura.

SERVIÇO

Musicou FUNSAI
Local: Núcleo Musicou FUNSAI – Auditório do LAMFF – Avenida Nazaré, 366 – Ipiranga – São Paulo/SP

Theatro Municipal de São Paulo celebra os 70 anos do Ballet IV Centenário e apresenta a segunda temporada do Balé da Cidade de São Paulo

Crédito: Kázmer Richard Sasso. Coreografia Lenda do Amor Impossível

Em agosto, o Theatro Municipal de São Paulo realizará uma série de ações para celebrar os 70 anos da estreia pública do Ballet IV Centenário, companhia de dança criada em 1954 para as comemorações dos quatrocentos anos da cidade de São Paulo, que finalizou as suas atividades em 1955.

Entre os dias 9 a 18 de agosto, o palco do Theatro Municipal recebe a segunda Temporada do Balé da Cidade, com a obra Biogromerata, do coreógrafo Cristian Duarte e concepção musical para teremim de Tom Monteiro, e a nova criação de Luis Garay com composição musical de Luciano Azzigotti, ambas com participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência de Alessandro Sangiorgi. Os ingressos custam de Ingressos de R$12 a R$87 (inteira), e a apresentação tem duração aproximada de 150 minutos (com intervalo).

Entre os dias 9 e 17 de agosto, às 17h, será realizada, na escadaria externa do Theatro, a performance Fantasias Brasileiras,uma série inédita que se apresenta para a rua e que parte do histórico Ballet IV Centenário que foi dirigido por Aurélio Milloss, importante bailarino e coreógrafo hungraro. Millos permaneceu na cidade até 1955. O evento será apresentado pelo núcleo de dança Pérfida Iguana, polo de produção de dança dirigido pelos artistas Carolina Callegaro e Renan Marcondes e produzido por Tetembua Dandara. A proposta levará à rua quatro releituras de danças do histórico Ballet IV Centenário que tematizaram o Brasil, reorganizando suas imagens e gestos através do corpo para criar pinturas vivas que refletem tanto a beleza das danças da companhia quanto a violência de seu desmanche.

Nos dias 28 e 29, acontece no Salão Nobre, o Ciclo de Encontros: Memórias, histórias e contextos: Ballet IV Centenário 70 anos, uma série de encontros com estudiosas e estudiosos de distintas áreas do conhecimento.

O ciclo de encontros começa no dia 28, às 15h, com a mesa Intersecção entre memórias, gestos, danças e palavras, que propõe uma conversa com artistas que integraram o Ballet, a conversa será mediada por Helena Katz (professora-doutora da PUC-SP). No período da tarde, às 17h a segunda mesa do dia abordará o tema Ballet IV Centenário: histórias e contextos, com participação de Acácio Ribeiro Vallim Junior (professor e crítico de Dança), Karita Garcia Soares (doutora em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e com mediação de Fernanda Bueno (coordenadora artística do Balé da Cidade). 

Já no dia 29, às 15h, a mesa abordará o tema Resistências artísticas nos anos 1950, com participação confirmada de Rosane Borges (jornalista, escritora e doutora em Ciências da Comunicação pela USP), Amailton Azevedo (professor e pesquisador da PUC-SP) e mediação de Felipe Campos (coordenador do Núcleo de Articulação e Extensão do Theatro Municipal). E o último encontro do ciclo será às 17h, com o tema Conversa sobre acervo do Ballet do IV Centenário, e participação da equipe do Acervo do Theatro Municipal.

Na ocasião, o Núcleo de Acervo e Pesquisa lançará uma publicação da série Índice de fontes, com o título Ballet IV Centenário,que após ações de mapeamento, identificação e pesquisa, produziu um amplo levantamento de documentos do Ballet IV Centenário no acervo do Complexo Theatro Municipal de São Paulo, reunindo cerca de 394 itens, entre trajes de cena, programas de espetáculos, fotografias e outros tipos documentais.

Como parte das celebrações, na semana de 26 a 30 de agosto será exibida a Mostra de Figurinos do Balé do IV Centenário que pertence ao Acervo do Theatro Municipal de São Paulo. Nela estarão reunidos figurinos de diferentes coreografias do Balé, além de outros documentos.

Programação efervescente

Crédito: Rafael Salvador/Divulgação

No dia 04 de agosto, domingo, às 11h, a Orquestra Experimental de Repertório apresenta o concerto Revoluções Harmônicas, sob regência do maestro Leonardo Labrada. No repertório, a obra La mer,  de Claude Debussy, e Sinfonia n° 7 em Ré menor, Op. 70, de Antonín Dvořák. Realizado na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal, os ingressos vão de  R$12 a R$33 (inteira), com classificação livre para todos os públicos e duração de 60 minutos.

No mesmo dia, 04 de agosto, domingo, às 17h, a Sala de Espetáculos do Theatro Municipal recebe o concerto Réquiem de Mozart, com participação do Coro Lírico Municipal e da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sob regência domaestro Carlos Prazeres. Considerada uma das obras mais famosas  do repertório de Wolfgang Amadeus Mozart, o Réquiem K. 626 foi uma encomenda feita pelo Conde Franz von Walsegg, que desejava uma missa de réquiem para o memorial de sua falecida esposa. Entretanto, a obra nunca foi finalizada por Mozart, que faleceu em 1791.A classificação é livre, a duração aproximada é de 50 minutos e os ingressos variam de R$12 a R$43.

No dia 08, quinta-feira, às 20h, o Quarteto de Cordas da Cidade apresentará a série Grandes Quintetos na Sala do Conservatório, na Praça das Artes. O repertório apresenta obras de Claude Debussy, Quarteto em Sol menor, e César Franck Quinteto em Fá menor. A apresentação terá Betina Stegmann e Nelson Rios nos violinos, Marcelo Jaffé na viola, Rafael Cesario no violoncelo, com participação do pianista Ronaldo Rolim. A classificação é livre, os ingressos custam R$33 e a duração aproximada de 60 minutos.

No dia 09/08, sexta-feira, às 18h30, o Vão da Praça das Artes recebe o Samba de Sexta, com o grupo As Sambixas. A abertura fica por conta do DJ Fred Lima, queatua há mais de 20 anos na arte da discotecagem. O grupo traz a força, os corpos e as vozes LGBTQIAPN+ para clamar também esse espaço e mostrar o samba-resistência LGBT+, com seu vasto repertório que passa por várias vertentes clássicas do samba, do samba dolente ao pagode 90. Os ingressos são gratuitos, a classificação livre e duração é de 180 minutos.

Nos dias 10, 11, 16 e 17 de agosto, o Theatro Municipal recebe o evento São Paulo Contemporary Composers Festival, um encontro internacional que proporciona experiências únicas nas vidas de compositores, maestros e instrumentistas especializados nas práticas da música contemporânea. O projeto tem como missão oferecer oportunidades de performance internacionais para artistas emergentes no século XXI. Acesse o site e saiba mais.

Já no dia 20, terça-feira, às 20h, o Coral Paulistano, sob as regências de Maíra Ferreira e Isabela Siscari, apresenta o concerto Renascença Italiana, no Salão Nobre do Theatro Municipal. O programa traz obras de Giovanni Pierluigi da Palestrina, Carlo Gesualdo, Claudio Monteverdi, Maddalena Casulana, entre outros. Os ingressos custam R$33, a classificação livre e duração é de 40 minutos.

Na quinta-feira, dia 22, às 20h, o Quarteto de Cordas da Cidade toca Mehmari com participação deKeila de Moraes, mezzo-soprano, na Sala do Conservatório da Praça das Artes. No repertório o grupo apresenta a composição inédita “O sonho e a vida são dois galhos gêmeos sobre textos de Gonçalves Dias e Oswald de Andrade”. Os ingressos custam R$33, classificação é livre e duração é de aproximadamente 50 minutos.

Na sexta-feira, 23, às 20h, na Sala do Conservatório, na Praça das Artes acontece a apresentação da Camerata da Orquestra Experimental de Repertório, sob regência de Leonardo Labrada. No repertório será apresentado obras de Paul Dukas, Antonín Dvořák, Richard Strauss e Giovanni Gabrieli. Os ingressos são gratuitos, a classificação é livre e a duração total de aproximadamente 60 minutos, sem intervalo.

Finalizando o roteiro de agosto, a Orquestra Sinfônica Municipal apresenta Rapsódia Para Novos Tempos, sob regência indiano Ankush Kumar Bahl. O programa traz obras de Michelle Agnes Magalhães, Ajítẹnà Marco Scarassatti, Johannes Brahms, entre outros. A apresentação acontece na Sala de Espetáculos no dia 30, sexta-feira, às 20h, e no sábado, 31, às 17h. Os ingressos variam de R$12 a R$66, com classificação livre para todos os públicos e duração de 115 minutos.

Sou Sustenidos conversa com Fernanda Solon – gerente do projeto Musicou

por Marcus Vinicius Magalhães

Seguindo com o objetivo de destacar os colaboradores da Sustenidos, trazendo entrevistas individuais sobre como é trabalhar em uma OS, a partir de diferentes perspectivas, a editoria Sou Sustenidos chega a sua segunda edição. A coluna conversou, no mês passado, com o gerente artístico musical do Conservatório de Tatuí, Renato Bandel.

Enviado em primeira mão aos assinantes da newsletter Sustenidos Conecta, o post é mensal e, dessa vez, conta a história da gerente do projeto Musicou, Fernanda Solon.

Fernanda Solon – Foto Divulgação

Nascida em São Paulo, mas morando boa parte de sua vida em Minas Gerais e no Mato Grosso, Fernanda Solon Barbosa, ou simplesmente Fer Solon, acaba de completar três anos como colaboradora da Sustenidos. Ela, que entrou na organização social para o cargo de Analista de Planejamento, se tornou a gerente do principal programa da Sustenidos, o projeto Musicou.

Formada em Rádio e TV pela Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT, com foco inicial pela área do audiovisual, Fer iniciou seu trabalho com cultura no Sesc Mato Grosso, onde trabalhou como produtora cultural durante cinco anos.

“Eu entrei no Sesc como analista de programas sociais do audiovisual, depois eu fui para alguns cargos de gestão, me tornando depois assessora de cultura. Então, eu cuidava de todo o programa cultura do SESC em Mato Grosso”, conta ela.

Fernanda Solon como produtora do Sesc Mato Grosso. Foto Divulgação

A vontade de voltar para São Paulo e o desejo de conseguir trabalhar “apenas” de segunda a sexta-feira, algo inimaginável para uma produtora cultural, fez com que ela concluísse seu ciclo no Sesc no começo de 2020. Ela se programou para tirar um período sabático, para descansar e viajar, antes de buscar oportunidade na sua cidade de origem. O que ela não imaginava é que a pandemia da COVID19 faria com mudasse o rumo das coisas.

“Todos os planos foram abortados, passagem aérea comprada foi perdida e acabei ficando o ano de 2020 pandêmico em casa. Como minha mãe e meus irmãos moram em Cuiabá, eu fiquei em casa com eles”, conta ela.

Novos dons
Já que não tinha perspectiva de retomar à normalidade de rotina, por conta da pandemia, Fer aproveitou esse período para começar a fazer ilustrações e a pintar. E o hobby para lidar com a quarentena acabaria se tornando um trabalho.

Fernanda Solon mostrando seu talento como ilustradora. Foto: Acervo pessoal

“Eu montei uma linha de papelaria ilustrada e aí foi uma “saidinha” desse mundo um pouco mais metódico, porque eu sempre fui produtora, então a parte de ser produtora é sempre muito metódico. Posso dizer que foi um momento que eu consegui respirar um pouco mais, em um trabalho mais criativo, e ver outras coisas pra além desse mundo tão corporativo”, conta ela mostrando várias de suas ilustrações, de aquarela e nanquim, coladas na parede de sua casa.

Quando chegou em São Paulo, em janeiro de 2021, Fer abriu a sua papelaria e conseguiu trabalhar na cidade, mesmo em um dos momentos mais difíceis do período da pandemia.  “Foi muito doido, porque eu vim com o intuito de viver da minha arte lá na Avenida Paulista, pois eu gostava de fazer retrato e figuras humanas. Tinha uma parte dos meus desenhos um pouco mais surrealistas, mas eu gostava de fazer figuras humanas”, conta com bom humor.

“Eu acabei montando a minha papelaria aqui, consegui alguns fornecedores e realizar trabalhos bem legais em São Paulo. Durante um bom tempo, eu trabalhei com isso”, completa.

Registros de oficinas realizadas no Sesc Mato Grosso. Foto: Divulgação

Mesmo conseguindo unir o trabalho da ilustração com sua vontade de morar em São Paulo, tendo os finais de semana livre, como era de seu desejo, ela percebeu que o seu objetivo era mesmo retornar ao mundo corporativo.  “Por mais que fosse legal e eu gostasse ser autônoma, eu sempre quis voltar para o trabalho formal. Eu acho que daria uma enlouquecida se ficasse só me gerindo aqui como artista, por isso pensei em procurar um outro trabalho para complementar”, revela ela.

Na Sustenidos
Em julho de 2021, Fer começa a sua história dentro da Sustenidos. Seu primeiro trabalho, como Analista de Planejamento, a tornou responsável pelos contratos de gestão da Organização Social de Cultura.

“Nessa fase, a gente ainda tinha o projeto Guri; o Conservatório de Tatuí tinha acabado de entrar na Sustenidos. Então, a ideia do meu cargo era fazer um meio de campo entre a Sustenidos e a Secretaria de Cultura, com a prestação de contas, prestação de dados, informação e relatório. Ou seja, era um trabalho bem metódico nessa parte de levantar essas informações e organizar”, revela ela.

Em um momento de mudanças dentro da empresa, que poucos meses depois “perderia” um de seus principais projetos, o Guri, ela recebeu o desafio de atuar no promissor projeto Musicou. “O projeto Guri deixou de integrar a OS, obrigando a Sustenidos a se reestruturar nesse processo. Em meio a essa fase turbulenta, nós tínhamos que redesenhar todo o planejamento, sendo colocado em prática o projeto Musicou”, conta.

Fernanda Solon participando de reunião com a equipe Musicou. Foto Divulgação

Ela revela que o primeiro desafio de sua nova função era mostrar que o Musicou não seria o tapa-buraco do Guri, até porque o formato e a proposta eram totalmente diferentes. Criado pela Sustenidos, o Musicou nasceu como um programa de educação musical para crianças e adolescentes. Atualmente, o projeto está presente em quatro regiões do Brasil, oferecendo aulas de música gratuitas para crianças a partir de seis anos, adolescentes, jovens, adultos e pessoas idosas. Em 2024, o projeto inaugurou uma metodologia completa e acessível para acolher, preparar e lançar novos artistas para o mercado.

Outra diferença com o Guri, que tinha a sua atuação apenas no estado de São Paulo, o Musicou está atualmente em 21 núcleos espalhados nos estados do Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná e Pernambuco, sendo apenas três deles no estado de São Paulo.

“A gente sempre fala muito disso, do Musicou não chegar com esse olhar colonizador nos territórios. Tipo, não chegar com essa ideia de que viemos de São Paulo com um projeto revolucionário para eles”, conta ela.

Fernanda diz que, além de oferecer aulas de música de graça, o principal objetivo do Musicou é oferecer uma proposta que dialogue com o local e como ela fará sentido para a comunidade. “O Musicou vem com uma abertura de olhar e de ouvir muito o que é pedido. Tanto é que se você passar pelos nossos núcleos, você vai perceber que cada um deles tem um falar diferente. E não é só pelo sotaque, que é diferente, é pela acolhida desse território, das pessoas que compõem esse lugar”, explica ela.

Sobre o crescimento do Musicou
Com a ajuda de patrocinadores, o Musicou tem a possibilidade de chegar não apenas nas capitais como também em municípios distantes dos grandes centros. Além de Recife, Olinda, Fortaleza e São Paulo, o projeto está presente nas comunidades paraibanas de São Vicente do Seridó, Baraúna, Pedra Lavrada, Nova Palmeira e Picuí, nos municípios cearenses de Quixeramobim e Quixadá, nos municípios paulistas de Paulínia e Euclides da Cunha Paulista, além das cidades paranaenses de Santa Mariana, Andirá e Porecatu.

Fernanda Solon participando de evento em um núcleo Musicou. Foto Divulgação

“O Musicou é um projeto majoritariamente via lei de incentivo. Eu digo majoritariamente porque hoje a gente tem unidade que é de verba direta, de captação de verba direta que não passa pela lei Rouanet, mas majoritariamente ele é um projeto que se começa inclusive via captação da lei Rouanet. Isso significa que a gente pode ter empresas patrocinadoras de qualquer lugar do Brasil que queiram patrocinar o Musicou, que queiram levar o Musicou para as suas localidades”, explica ela.

Usando como exemplo a CTG Brasil, uma das empresas patrocinadoras do projeto, a companhia está fazendo um processo de instalação de energia eólica no estado da Paraíba e de energia solar no município mineiro de Arinos, locais onde o Musicou está presente.

“A Sustenidos vem com o trabalho de responsabilidade social dessas empresas que estão ali começando seus empreendimentos. Já as empresas patrocinadoras, como a Nubank, que permitiu que escolhêssemos os locais, nos permitiu que ampliássemos o nosso trabalho no Ceará e também em levar o projeto para o estado de Pernambuco”, revela ela.

Fernanda reforça que, quando se faz um desenho geográfico do Musicou, influenciada pelo perfil das empresas patrocinadoras, é possível pensar em como o projeto pode atuar melhor na região escolhida e acolher os profissionais que farão parte da manutenção do núcleo. “Eu fico muito feliz por conseguir dialogar ali com os meus pares sobre a importância do fazer coletivo, do olhar, de que as pessoas são as partes mais importantes de qualquer processo. Não adianta a gente estar aqui muito redondinho nos processos, nos fluxos e nos processos administrativos, se a gente não valorizar as pessoas primeiro”, conta Fer.

Fernanda Solon conversando com alunos do projeto Musicou. Foto Divulgação

“Então, o cuidado que você tem com essa pessoa, a forma que você acolhe, a forma de entender as diferenças, de entender que os processos que acontecem em São Paulo são diferentes dos processos que acontecem na Paraíba, que acontecem no Paraná. Respeitar essas diferenças e, ao mesmo tempo, trazer para o fazer coletivo, para trazer para o espaço de acolhimento, de escuta, de não vir com um processo tão verticalizado, mas sim processo mais horizontal, de abertura para a conversa, de abertura para entender o que faz sentido para o outro, que talvez não faça tanto sentido para a gente, mas num contexto seja melhor aplicado”, conclui.

Momento profissional

Aos 32 anos, Fernanda faz uma reflexão sobre o seu momento profissional, acreditando que encontrou a felicidade no trabalho cultural, social e coletivo. “Isso é muito curioso, porque eu comecei a fazer faculdade de comunicação pensando em uma coisa, em um formato, então me descubro trabalhando dentro do SESC com trabalho social. Daí eu saio desse trabalho e volto a atuar com trabalho social dentro da Sustenidos”, diz com bom humor.

Fernanda Solon em inauguração de um novo núcleo Musicou. Foto Divulgação

Com o seu objetivo de trabalhar em São Paulo concretizado, Fer acredita que o trabalho pelo coletivo das pessoas é o que realmente faz sentido profissionalmente. “Eu concluí recentemente uma pós-graduação em ESG, justamente para conseguir trazer uma parte desse coletivo, que faz muito sentido para o mercado de hoje. Na minha trajetória, o trabalho pelo outro sempre foi o que fez mais sentido. O entender as necessidades das pessoas, entender como eu posso contribuir enquanto ser humano para um mundo que faça mais sentido, sabe?”, reforça ela.

“Mesmo todos os perrengues que a gente vive no dia a dia, eu me identifico por ser um trabalho acolhedor e com propósito. Seja na Sustenidos, seja em qualquer outro lugar, eu me vejo por esse trabalho pelo outro”, explica ela.

“Hoje, o Musicou me permite isso, de estar em outros lugares. Eu sempre trabalhei viajando, mesmo na época do Sesc. Ouvir outros sotaques, ouvir outras formas de viver, te traz um olhar que é muito único, sabe? É uma coisa que é você sair da sua bolha e da sua verdade absoluta, de entender que existem outros formatos de fazer cultura, de fazer trabalho, de estar no coletivo, de estar na vida das pessoas”, complementa ela.

Perguntada se consegue trabalhar de segunda a sexta atualmente, como desejava há quatro anos, ela respondeu que “mais ou menos”, mas que consegue manter a qualidade da vida pessoal e profissional.

“Com o passar do tempo eu consegui me organizar muito mais mentalmente, porque capricorniana, workaholic, né? Odeio termos em inglês, mas sempre trabalhei muito, então foi um tempo ali para conseguir tirar o pé do acelerador e entender que eu também preciso respeitar o meu tempo”, conta ela.

“Mas eu consigo mais ou menos trabalhar de segunda a sexta, porque a gente tem núcleos que funcionam aos sábados, então a gente acaba trabalhando com essas unidades. Algumas delas começam às sete horas da manhã, outras que vão até nove horas da noite. Então, você está ali no espectro de atendimento”, explica Fer.

“Só que hoje a gente também tem uma equipe muito mais consolidada do Musicou. As coordenações de núcleos, educadores e educadoras, eles estão muito mais apropriados do projeto. Então, a gente consegue dar uns respiros ali e não estar o tempo todo também dentro do projeto. A gente consegue deixar eles caminharem um pouco também”, conclui.

Conservatório de Tatuí celebra 70 anos com música, teatro e artistas de renome


Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí
Foto: Peterson Paes/Arquivo Conservatório de Tatuí

O Conservatório de Tatuí comemora, em agosto, 70 anos de fundação e anuncia uma programação especial de aniversário, com shows, concertos e espetáculo de seus Grupos Artísticos, todos com participação de convidados, como Lenine, Spok, Renato Teixeira, Hamilton de Holanda, Hércules Gomes e John Boudler, entre outros. Os eventos serão realizados entre os dias 11 e 18, no Teatro Procópio Ferreira, com entrada gratuita. Considerada a maior escola de música e artes cênicas da América Latina, é reconhecida nacional e internacionalmente por sua excelência de ensino, pertence à Secretaria da Cultura, Indústria e Economia Criativas do Estado de São Paulo e é gerida, desde dezembro de 2020, pela Sustenidos Organização Social de Cultura.

“A cultura é fundamental para o desenvolvimento humano e social. O trabalho realizado pelo Conservatório de Tatuí ao longo dessas sete décadas é um exemplo claro de como a educação artística transforma vidas e comunidades”, destaca a secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Marília Marton.


“As comemorações dos 70 anos do Conservatório não apenas celebram a história da instituição, mas também projetam os desejos para o futuro. Neste ano, consolidamos uma série de inovações que vêm sendo implementadas desde 2021: reformas nas instalações físicas, reformulação do Projeto Político-Pedagógico, a oferta de novos cursos, o fortalecimento do setor de Artes Cênicas, a retomada do Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo, o fortalecimento do programa de bolsas de estudo e dos grupos artísticos de estudantes, uma nova e diversificada programação para o Teatro Procópio Ferreira e, finalmente, a revisão da marca do Conservatório. Tudo isso converge para um novo caminho que combina tradição e inovação, apoiando cada vez mais jovens para que se insiram no mercado de trabalho da Cultura e das Indústrias Criativas”, acrescenta a diretora executiva da Sustenidos, Alessandra Costa.

Semana de aniversário

As comemorações começam no dia 11 de agosto, domingo, às 20h, com o concerto da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí e dois convidados ilustres: o cantor Lenine e o Maestro Spok. Cantor com longa trajetória musical e sucessos como ‘Paciência’ e ‘hoje eu quero sair só’, Lenine acumula seis prêmios Grammy Latino e registrou álbuns importantes da música brasileira, como Falange Canibal (2002), Acústico MTV (2006) e Chão (2011). Já Spok integrou bandas de Fagner, Elba Ramalho, Alceu Valença e Antônio Nóbrega e, há quase 20 anos, é instrumentista, arranjador e diretor musical da SpokFrevo Orquestra. O repertório promete uma seleção especial de música popular, com arranjos escritos especialmente para esta apresentação. A coordenação é de Marco Almeida Júnior.

No dia 12 de agosto, segunda-feira, às 20h, Orquestra Sinfônica, Coro e Madrigal do Conservatório de Tatuí se unem no palco para acompanhar Thaina Souza (soprano) e Carlos Eduardo Santos (tenor), ambos premiados no 2º Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha, realizado em 2023. Thaina já se apresentou no Brasil e na Europa e, recentemente, executou repertório de célebres canções de Strauss, De Falla, Obradors e Villa-Lobos no 36° Festival Internacional de Música do Pará. Carlos, por sua vez, foi finalista da 20ª edição do Festival Brasileiro de Canto Maria Callas e registrou obras como ‘Oratório de Santo Antônio’ e o EP ‘Afrolirismos’. Neste concerto, eles interpretarão obras de Mozart, Rossini, Carl Orff, Puccini e Verdi, entre outros. A regência é de Emmanuele Baldini, em coordenação conjunta com Marcos Baldini (Coro e Madrigal).

Na terça-feira, dia 13 de agosto, às 20h, os grupos Jazz Combo e Big Band do Conservatório de Tatuí recebem Hamilton de Holanda. O show terá algumas das músicas escritas pelo consagrado compositor carioca, com arranjos estruturados para destacar instrumentos como trompete, trombone, saxofone e piano. Hamilton de Holanda é considerado um dos principais bandolinistas do mundo e interage com outras tradições musicais, conjuntos e instrumentos. Ele é solista convidado de Wynton Marsalis e sua Jazz at Lincoln Center e já realizou apresentações como convidado de orquestras e vários festivais de pop rock. A coordenação é de Everton Barba (Jazz Combo) e Diego Garbin (Big Band).

No dia 14 de agosto, quarta-feira, às 20h, o Grupo de Música Raiz do Conservatório de Tatuí sobe ao palco acompanhado de Renato Teixeira. Com uma trajetória musical que começou nos idos de 1960 e composições icônicas como ‘Romaria’ e ‘Tocando em frente’, ele volta ao palco do Teatro Procópio Ferreira, onde gravou, em setembro de 1992, um de seus mais importantes álbuns: ‘Renato Teixeira & Pena Branca e Xavantinho – Ao vivo em Tatuí’. Neste concerto, grupo e convidado apresentarão algumas das mais conhecidas obras deste importante representante da música caipira. A coordenação é de Zeca Collares.

Já no dia 15 de agosto, quinta-feira, às 20h, o Grupo de Percussão do Conservatório de Tatuí traz como convidado John Boudler. Percussionista, com longa carreira na formação de músicos, Boudler atuou também como regente convidado da OSESP (Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo), Orquestra Bachiana-SESI, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica da USP, da Unicamp, da UFBA, Orquestra Nova Sinfonieta e da Camerata Fukuda (esta última, como principal regente convidado durante vários anos). A coordenação é de Luis Marcos Caldana.

Na sexta-feira, dia 16 de agosto, às 20h, será a vez da Camerata de Violões e do Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí, com participação do pianista Hercules Gomes. Com parte do repertório em homenagem às compositoras Chiquinha Gonzaga e Tia Amélia, pioneiras do choro, o convidado vai mostrar um pouco da sua trajetória musical em diversas vertentes da música brasileira, passando pelo choro, jazz e música erudita. A coordenação é de Diego Salvetti (Camerata de Violões) e Alexandre Bauab Júnior (Grupo de Choro).

No sábado, dia 17 de agosto, às 20h, a Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí estreia o espetáculo ‘A vaca virou um rádio’, escrito de forma colaborativa pelos bolsistas da companhia, sob coordenação do grupo convidado Coletivo Cê – formado pelos atores Bruna Moscatelli, Hércules Soares e Julio Cesar Mello. Na história, uma família tradicional migra do interior para a capital entre as décadas de 1940 e 1950, em busca de melhores condições. Suas vidas são transformadas ao conhecerem a mais nova tecnologia: o rádio. Paralelamente, surge uma emissora de rádio atemporal que, invadindo as frequências, pirateia o sistema para contrapor pensamentos, hackear a linguagem e oferecer uma visão alternativa do enredo. Classificação indicativa: 14 anos.

Para fechar a semana de aniversário, no domingo, dia 18 de agosto, às 20h, um concerto da Big Band de Professores do Conservatório de Tatuí, com o show ‘Big Bands Americanas e sua influência no cenário musical Brasileiro’. A proposta é retratar, por meio das músicas, um pouco da história das principais big bands norte-americanas e como elas influenciaram as big bands brasileiras. No repertório, Duke Ellington, Count Bassie, Maria Schneider, Banda Savana, Banda Mantiqueira e muito mais. A coordenação é de Diego Garbin e Claudio Sampaio.

A programação do Conservatório de Tatuí continua durante todo o mês de agosto com master classes, encontros, workshops e muito mais. Acompanhe na Agenda Cultural da instituição. 

SERVIÇO 
Agenda Cultural do Conservatório de Tatuí 
https://www.conservatoriodetatui.org.br/agenda-cultural/ 
Ingressos: https://conservatorio-de-tatui.byinti.com
Mais informações: (15) 3205-8434 

Conservatório de Tatuí lança nova temporada de videoaulas do projeto “Conservatório na Rede”

Foto Mário Aphonso III ministra série Sopros do Oriente

O Conservatório de Tatuí, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, considerada a maior escola de música e artes cênicas da América Latina, gerida pela Sustenidos Organização Social de Cultura, anuncia o lançamento da 4ª temporada do projeto Conservatório na Rede. A iniciativa, que publicará novas aulas a partir do dia 22 de julho, vai disponibilizar gratuitamente ao público mais de 40 videoaulas ministradas por artistas convidados.

Os conteúdos abordam diferentes temas relacionados às áreas de ensino da instituição (música erudita, música popular e artes cênicas). O objetivo é levar cultura e conhecimento para mais pessoas e permitir que, mesmo de casa, todos possam aprender, se encantar e se sentir mais próximos da instituição.

Esta temporada traz 11 séries temáticas, que abordam música antiga e contemporânea, tecnologia, compositoras brasileiras, curiosidades sobre variados instrumentos musicais, técnicas de estudos, coro cênico, teatro musical, teatro de rua, entre outros.

A primeira série aborda “Sopros no Oriente”, uma jornada pelas principais variedades de flautas da região, englobando Babilônia, Afeganistão, Pérsia, Índia, Paquistão, Nepal, China, Mediterrâneo, Armênia, Mundo Cigano, Império Otomano e muito mais. As aulsa são conduzidas por Mario Aphonso III, que tem uma trajetória musical sólida e carreira internacional na música ocidental e oriental tendo editado e lançado discos no Brasil, Europa, Ásia e Oriente. Atua na família completa dos saxofones, flautas, clarinetes, teclados, Percussão, além de diversos instrumentos tradicionais de sopros orientais como Flautas Bansuri, Ney, Nay, Kaval, Clarinete Turco, Duduk, Sipsi entre outros.

Buscando conexões entre música ocidental e oriental fundou e coordena o Coletivo Tarab, que é dedicado ao ensino e pesquisa da música do Oriente médio, Sefaradi, Mediterrâneo, Balkans, música instrumental e Regional Brasileira e suas linguagens. Recebeu, em 2017, título Federal de comendador da “Ordem de Carlos Gomes” e, em 2018, a medalha de adido cultural das Forças Internacionais de Paz da ONU em reconhecimento a um trabalho de 35 anos de pesquisa e estudos com a música cultural do mundo. Atualmente integra os projetos Mutrib, Yaqin Ensemble, Orkestra Bandida, Zikir Trio, TarabJazz, Fanrarra Rumalaj, Quinteto Instrumental e como músico e instrumentista participa de diversas formações e Grupos musicais além de atuar na área didática, de formação cultural e pesquisa.

De acordo com a gerente pedagógica de música da Instituição, Valéria Zeidan, “as videoaulas contribuem para a formação ou aprimoramento tanto de alunos do Conservatório quanto do público em geral, pois fica com acesso permanentemente disponibilizado no canal da instituição no YouTube”.

Ainda segundo Valéria, como diferencial, as aulas trazem uma programação pensada para abranger uma vasta gama de temas e abordagens, com ministradores especiais. “Serão disponibilizados cursos na área de história, estética, repertório específico para alguns instrumentos, saúde dos músicos, entre outros. Além disso, para o desenvolvimento e produção das videoaulas, foram convidados alguns dos melhores profissionais brasileiros e estrangeiros da atualidade, levando ao público um resultado e visão contemporâneas sobre cada tema abordado”, detalha a gerente.

A programação desta iniciativa, que está na 4ª temporada, vai de 22 de julho a 3 de outubro. Para assistir às aulas, basta acessar o canal do Conservatório de Tatuí no YouTube.

29ª edição do FETESP mobiliza a cidade de Tatuí com intervenções artísticas

Cortejo da 27ª edição FETESP. Foto: Camila Montenele

Por Marcus Vinicius Magalhães

Um dos maiores festivais de teatro do Estado de São Paulo, que reúne mais de 7 mil pessoas todos os anos, o FETESP apresentou a sua 29ª edição com mais de 30 atrações gratuitas entre os dias 20 e 26 de julho, realizado pelo Conservatório de Tatuí.

Com as participações de grandes nomes das artes cênicas no país, grupos selecionados da capital paulista, grande São Paulo e interior, o Festival Infantil de Teatro do Estado de São Paulo apresentou, durante sete dias, intervenções artísticas em escolas e diversos espaços públicos da cidade de Tatuí e realizou espetáculos e performances no Teatro Procópio Ferreira e no Auditório da Unidade Chiquinha Gonzaga.

No período, também foram realizadas residências artísticas, lives de conteúdos pedagógicos e oficinas que promoveram uma troca estética entre estudantes e profissionais de diversas regiões do estado de São Paulo.

Renata Correia, que participa do FETESP desde 2022 pela Companhia de Teatro do Conservatório de Tatuí, conta que “é um prazer fazer parte desse incrível festival pelo terceiro ano consecutivo, pois é um evento de transformação e que reúne grandes talentos das artes cênicas em Tatuí”.

A programação começou com a apresentação do premiado espetáculo Vestido de Noiva, peça de Nelson Rodrigues encenada pelo Grupo Oficcina Multimédia, um dos coletivos das artes cênicas mais antigos do país.

Grupo Oficcina Multimédia apresentando o espetáculo Vestido de Noiva.
Foto: Camila Fontenele

“Nós ficamos muito felizes de sermos convidados para apresentar o espetáculo de abertura da FETESP, além de nos encantarmos com a estrutura do Conservatório de Tatuí. Esse festival movimenta a cidade e a arte teatral, por isso é uma honra estarmos aqui apresentando essa peça”, diz o ator Jonnatha Horta Flores.

Dirigido por Ione de Medeiros, diretora de teatro que está à frente do coletivo Grupo Oficcina Multimédia há 45 anos, a peça apresentada no palco do Teatro Procópio Ferreira foi premiada na edição de 2023 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Grupo Cia do Coxixo apresentando Irmãs Coragem. Foto: João Maria Silva

Espetáculo aplaudido de pé pelo público que esteve presente no Auditório da Unidade Chiquinha Gonzaga, Irmãs Coragem, da Cia do Coxixo, da Escola Superior de Artes Célia Helena, narrou a história de três jovens em situação de abandono parental.

“O nosso trabalho faz uma reflexão sobre a importância de os coletivos falarem de suas realidades e não deixar que outras pessoas falem por nós. Por isso que essa peça reforça a importância de sermos donos de nossas próprias histórias”, revela o ator da Cia do Coxixo, Junior Padovani.

Com direção de José Orlando Berto de Lima Jr, a peça Irmãs Coragem apresenta um texto sobre o embate de classes sociais e o combate ao extermínio da população preta.

Outra grande atração do festival ficou por conta do show da cantora e compositora Assucena na Praça da Matriz. A artista homenageou uma das vozes mais importantes da música brasileira ao relembrar, em releituras inéditas, o álbum Índia, lançado por Gal Costa em 1973.

“Homenageio Gal por eu ter feito de mim uma mulher que medita a respeito de minha época, de meu corpo, de minha voz e que deseja cantar um Brasil com o propósito da memória, da formação da consciência e do reencontro com suas raízes, mas também de sua contemporaneidade”, conta Assucena.

De acordo com Antonio Salvador – Gerente Artístico e Pedagógico de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí – esta edição do FETESP promoveu um intercâmbio entre estudantes de teatro do estado de São Paulo, artistas profissionais já consagrados e o público que gosta de arte.

“Foi uma semana de programação intensa em muitos espaços da cidade, com linguagens diversas como teatro de rua, teatro de sombra, teatro de máscara, teatro tradicional e o show da Assucena. Essa edição promoveu uma reunião de estudantes de ensino médio, fundamental e universitários das principais escolas de teatro do Estado de São Paulo”, conta ele.

“Nós consolidamos a proposta de promover esse encontro entre profissionais que têm suas carreiras longevas com estudantes das artes cênicas, como foi o caso dos grupos Oficcina Multimédia e TAPA, que estiveram conosco na programação deste ano”, completa.

Estreia no Theatro Municipal projeto O Olhar de Judith, double bill que faz nova leitura do clássico Barba Azul


Projeto da double bill O Olhar de Judith apresenta o clássico O Castelo de Barba Azul (Bluebeard’s Castle), única ópera do compositor húngaro Béla Bartók, com libreto de Béla Balázs, e Eu, Vulcânica (I, Volcanic), ópera especialmente comissionada e estreada em 2023, composição de Malin Bång e libreto de Mara Lee, ambas suecas, que reescreve a história do ponto de vista da personagem da Judith a partir de uma reflexão sobre relacionamentos tóxicos.  A duração total é de aproximadamente 120 minutos, incluindo um intervalo de 20 minutos.

Cena de Eu, Vulcânica, ópera que traz olhar humanista para a figura de Judith.
Foto: Mats Backer/Divulgação

As obras são uma coprodução internacional com o Muziektheater Transparant (Bélgica) e a Folkoperan (Estocolmo), de direção cênica e concepção do belga Wouter Van Looy e direção musical do maestro Roberto Minczuk. Elas serão apresentadas em quatro datas: 26 de julho, às 20h, 27 e 28 de julho, às 17h, e 30 de julho às 20h, na Sala de Espetáculos. A classificação indicativa é para maiores de 12 anos, e os ingressos variam de R$31 a R$200.

O Castelo de Barba Azul traz Hernán Iturralde como Barba Azul e Denise de Freitas como Judith. A partir da famosa fábula, que aparece pela primeira vez nos Contos da Mamãe Gansa, de Charles Perrault, no século 17, a ópera escrita em 1911 apresenta apenas dois personagens: Barba Azul, um nobre misterioso, e Judith, sua nova esposa. A ópera inicia com a chegada do casal ao castelo. Eventualmente, Judith solicita que as portas da residência sejam abertas, em uma trama angustiante de suspense e violência.

“Nas últimas décadas, Barba Azul estava no programa de muitas casas de ópera, mas, como é uma ópera de 60 minutos, os diretores procuram outra peça para combinar e preencher a noite. Isso frequentemente leva a concepções dramatúrgicas às vezes intrigantes, mas também forçadas, para colar peças que não combinam juntas. Por essa razão, quis criar uma ópera escrita exatamente para dialogar com a icônica obra-prima de Béla Bartók e Béla Balázs”, explica Wouter Van Looy, diretor cênico.

A segunda obra da noite, Eu, Vulcânica, tem Alexandra Büchel como Judith e Laiana Oliveira como Darkness 1. Trazendo um olhar da protagonista feminina e de suas questões para o centro da trama, a ópera narra uma Judith que não quer mais abrir as portas do castelo de Barba Azul. Viajando ao subconsciente ou ao seu próprio castelo, Judith encontra seus medos e desejos, em uma obra focada na subjetividade dessa personagem que viveu à sombra e escuridão do marido.

“Barba Azul é uma ópera sobre um relacionamento fatal entre um homem e uma mulher, escrita por dois homens no início do século XX. Eu queria saber a resposta de duas artistas femininas do século XXI para esse drama de relacionamento. Duas artistas maravilhosas aceitaram o desafio, a compositora sueca Malin Bång e a autora sueca-coreana Mara Lee”, explica o diretor.

“Embora contemos a história do ponto de vista de Judith, eu diria que oferece uma perspectiva humana sobre como podemos nos levantar e nos reconstruir após sermos destruídos em um relacionamento tóxico. É também um apelo para aceitar a fluidez da vida, como descrito pelo filósofo Zygmunt Bauman. Mara Lee usa a metáfora do horizonte. Onde Judith tinha um horizonte fixo (Barba Azul), ela aceita no final de Eu, Vulcânica a fluidez do horizonte. Um horizonte com curvas”, conclui.

Do ponto de vista musical, a composição para O Castelo de Barba Azul feita por Béla Bartók é marcada pelas mudanças constantes de tensão e atmosfera. Cada porta que é aberta sugere um ambiente musical, que desafia o trabalho da orquestra em acompanhar uma coloração tão distinta e complexa.

Na música original de Malin Bång composta para peça Eu, Vulcânica, o público poderá conhecer a história de Judith contado por outra perspectiva musical. A música de Malin Bång é uma exploração de movimento e energia. Ela define seu material musical de acordo com a quantidade de fricção para criar um espectro de ações imprevisíveis e contrastantes, variando do íntimo e mal audível ao áspero e obstinado.

Esse trabalho só é possível, como pontua a superintendente geral do Complexo Theatro Municipal, Andrea Caruso Saturnino, a partir de um esforço de criação e integração de diferentes casas de teatro do mundo: a Muziektheater Transparant, da Bélgica, a Folkoperan, de Estocolmo, e o Theatro Municipal de São Paulo. “Essa coprodução é uma prova de como a relação entre casas e artistas podem resultar em uma obra nova e fascinante na história da ópera mundial”, finaliza.

Judith’s Gaze – (O Olhar de Judith)

26/07/2024 • 20h
27/07/2024 • 17h
28/07/2024 • 17h
30/07/2024 • 20h

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
Roberto Minczuk, direção musical
Wouter Van Looy, direção cênica
Carl Bellens e Wouter Van Looy, cenografia
Aline Santini
, design de luz
Raimo Benedetti, design de vídeo
Laura Françozo, figurino
Piero Schlochauer, assistente de direção
Jonas Soares, assistente de cenografia

Bluebeard’s Castle (O Castelo de Barba Azul)
Ópera de Béla Bartók com libreto de Béla Balázs
Editora Universal Edition AG

Hernán Iturralde, Barba Azul
Denise de Freitas, Judith

Gilda Nomacce, Judith (papel falado)

Intervalo (20’)

I, Volcanic (Eu, Vulcânica)
Ópera de Malin Bång com libreto de Mara Lee.

Alexandra Büchel, Judith
Laiana Oliveira, Darkness 1
Flavio Mello (artista cedido pela Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro), Darkness 2
Gilda Nomacce, Judith (papel falado)
Flávio Karpinscki, Darkness 2 (ator)

Duração aproximada 130 minutos (com intervalo)
Classificação indicativa Não recomendado para menores de 12 anos
Ingresso de R$31,00 a R$200,00 (inteira)